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Nuvens negras em plena borrasca... Um tumulto misterioso por milhares de cimos luminosos. Grandes raios errantes. Soluços enormes. Noites de trevas cortadas por rugidos divinos. Muitas fúrias... Muitos frenesis... Muitas tormentas. Muitas tempestades. Um aguaceiro que devorava meu íntimo. Ondas de cóleras e apaziguamentos... Fluxo e refluxo. Um Vaivém terrível. Eu ouvia o barulho de todos os sopros atormentarem a minha alma.
Buscava o equilíbrio. Buscava a reviravolta. Buscava trazer o paraíso - o infinito, o insondável - para dentro de mim e afastar o inferno. ("O reino dos céus é uma condição do coração e não algo que cai na terra ou que surge depois da morte". Nietzsche). Era o momento de isolamento. Era o momento de ostracismo.
Era o meu "exílio". O escritor francês Victor Hugo me inspirou a pensar e repensar sobre o meu "exílio".
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Victor Hugo e o exílio
Certa manhã no fim de novembro, dois dos habitantes do lugar, o pai e o mais jovem dos filhos, estavam sentados na sala térrea. Calados, como náufragos que pensam. Lá fora chovia, o vento soprava, a casa estava como que ensurdecida pelo ribombo exterior. Ambos divagavam, talvez absorvidos pela coincidência entre o começo do inverno e o começo do exílio.
De repente, o filho levantou a voz e perguntou ao pai:
- O que pensa desse exílio?
- Que será longo.
- Como pretende preenchê-lo?
O pai respondeu:
- Vou contemplar o Oceano.
Fez-se silêncio. O pai retomou:
- E você?
- Eu - disse o filho - vou traduzir Shakespeare.
A passagem acima retrata o diálogo entre Victor Hugo e seu filho François-Victor no exílio.
Victor Hugo (1802-1885) exilou-se com a família, primeiro na Bélgica, depois na Inglaterra (exílio de quase 20 anos). Pois estava sendo perseguido por rebelar-se contra o golpe de Estado que em 1851 colocou Napoleão III no trono da França. Durante o exílio, Victor Hugo escreveu alguma de suas mais obras mais notáveis, entre as quais "William Shakespeare". A obra foi publicada em 1864 e aclamada como "o manifesto literário do século XIX".
Para muitos críticos literários, Victor Hugo foi a maior glória literária na França. Melhor conhecido no Brasil por seus romances "Os miseráveis" e "O corcunda de Notre Dame", foi também dramaturgo e, sobretudo, poeta, além de introdutor, na poesia, do Romantismo no seu país.
Os mais entusiastas críticos de Victor Hugo (fora e dentro da França), convencionaram chamar o século XIX de "o século Victor Hugo".
Uma frase de Victor Hugo que me estimulava: "O sol está dentro de cada um. Sorrir e acreditar em si é o caminho para alcançar a luz e o brilho que irradia da própria existência e acalenta a crença em nós mesmos. Acreditemos no próprio sol, ele mora no "eu" e ilumina o tudo e o todo. A gargalhada é o sol que varre o inverno do rosto humano".
Dessa forma, busquei iluminar meu sol interno.
O sol e a cidade de Fortaleza
Atrás do sol interno e de paz de espírito, fui a Fortaleza.
Fortaleza, a capital cearense, é um dos destinos turísticos preferidos entre os viajantes de diversas partes do Brasil e do mundo.
Uma das razões que contribuem com o sucesso da cidade como atrativo turístico é o clima quente e dias ensolarados, durante a maior parte do ano.
Fortaleza possui belas praias, dunas, feiras-livres, artesanato de alta qualidade e um cenário cultural bastante agitado.
Durante diversos dias, aproveitei as praias, fui ao Beach Park, curti a noite agitada em Fortaleza e experimentei a gastronomia cearense (As opções são bastante variadas e vão desde a carne de sol até as deliciosas tapiocas recheadas. Tive o privilégio de comer os frutos do mar e principalmente o caranguejo com diferentes molhos).
Certa noite, contemplei o mar. Fiquei observando as ondas se quebrarem nas pedras num fluxo contínuo. Tirei o chinelo e molhei os pés naquelas águas salgadas. Orei. Apanhei um galho velho e longo.
E rabisquei nas areias: "Deus abençoa o homem, não por o ter encontrado, mas por havê-lo buscado". Deus me encontrou novamente naquela noite.